Família. Substantivo feminino. Grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto? Grupo de pessoas com ancestralidade comum? Deserdada. Hinata Hyuuga finalmente está morta, e livre. Demitido. Sasuke Uchiha finalmente está morto, e livre. Esse é o momento em que eles aprendem que família não é só aquela com a qual você compartilha um laço sanguíneo, e que, no momento em que essa lhe virar as costas, haverão pessoas para lhe segurar antes de cair. Amigos. A família que você escolheu, e que vai lhe apoiar em todos os momentos de dificuldade. A família que irá ajudar a matar Hinata e Sasuke. E, assim que seus caminhos se cruzam, haverá mais uma morte. Mas eles nunca foram de fazer velórios, de qualquer forma.

No ano de 2338, muita coisa mudou. Depois de mais uma guerra mundial que levou incontáveis vidas, a sociedade foi obrigada a se desenvolver rapidamente, tanto em tecnologia, quanto nas áreas da saúde e ciência. As casas foram demolidas para dar espaço aos arranha-céus, em toda sua imponência, cheios de vidros espelhados e luzes neon que subiam quase tão alto quanto aviões, com suas passarelas suspensas conectadas de uma construção à outra, seus carros voadores, seus robôs perfeitos, suas realidades virtuais e holográficas. O mundo se tornou alto e todos queriam vê-lo de cima, e ninguém poderia culpá-los. Nem tudo mudou, afinal, ainda estamos falando de seres humanos. Como já é comum, só acompanha o desenvolvimento quem puder pagar por ele, os privilegiados. E aqueles menos favorecidos que se matam na esperança de que um dia a meritocracia se valha de algo nesse sistema de classes sufocante acabam partindo sem nem sequer sentir o cheiro do ar puro do topo. Enquanto os abastados possuem os andares mais altos dos prédios e vêem o mundo de cima, com suas roupas caras e seus belos empregos garantidos, e sequer conhecem o chão, os esquecidos e substituídos se contentam com a escuridão do submundo, onde as escadas levam à um solo que já foi esquecido muito tempo atrás. No meio dessa injusta divisão, mais um progresso chega, com a promessa de dar uma chance igual a todos de irem para o lugar mais seguro e cobiçado da atualidade: Marte. A Operation Mars University, está aberta para mais um ano de seleções, visando escolher e levar os moradores perfeitos para o novo habitat no planeta vizinho, sendo a única entidade da Terra com esse poder. Mas as vagas são escassas e muito cobiçadas, por todas as classes, não há dinheiro que pague por elas. Para alguns, a única chance de ter uma vida digna, e para outros, mais um exemplo do que separa aqueles que possuem condições, daqueles que não possuem. Por fim, todos querem o mesmo: uma vida m

Pedro Henrique era uma pessoa forte, e sempre foi lembrado disso: filho mais velho de três irmãos e recém-nomeado chefe de família, ele não teve uma vida fácil, e suas obrigações foram o que o mantiveram vivo até então, mas isso não é mais verdade. Sendo obrigado a continuar em um trabalho que não gosta, em um curso que não vê futuro, com mais problemas do que sua psicóloga parece poder lidar e com muitos sonhos que parecem inalcançáveis e que se mantém engavetados, PH - como é mais conhecido por seus amigos - está à beira de um colapso. Parece que o mundo está correndo cada vez mais rápido e ele está afundando em areia movediça no mesmo lugar. Tudo que faz parece ser um pedido de socorro e ele sente como se não conseguisse mais lidar com tudo ao mesmo tempo. Decidido a encerrar sua vida, após tentar vencer o luto de uma perda familiar significativa, ele resolve ir embora após realizar pelo menos um dos tantos sonhos que nunca realizou: iria entrar em um trem em Moscou e fazer a Rota Transiberiana da Rússia, uma viagem de trem de sete dias que passaria por diversos lugares incríveis. Era a despedida perfeita para si mesmo. Se despediu daqueles que eram importantes e usou todos os recursos que tinha para pegar um avião e ir realizar o sonho, certo de que era isso que queria. Porém, durante a viagem e após conhecer diversas pessoas diferentes, algumas mais parecidas com ele do que ele gostaria de admitir, talvez ele comece a repensar o fato de querer que a dor passe, e aprenda mais sobre si mesmo e sobre o mundo. Talvez não seja sobre ser forte, e sim sobre não fazer tudo sozinho, afinal.

❱❱❱ ❛ COMO ASSIM O ROCK SIMPLESMENTE NUNCA EXISTIU? Nova Iorque, Nova Iorque, 2022. Ethan Wyatt Haddock acordou na manhã de domingo, pronto para o último ensaio da Doomsday antes da apresentação que seria a responsável por mudar suas vidas: a competição para a caça de novos talentos de uma das mais prestigiadas agências musicais do país. Você pode estar se perguntando quem hoje em dia, com a internet, o spotify e o tik tok, se preocupa com uma agência para assinar um contrato, mas a verdade é que a banda de rock estava, literalmente, de mal a pior, e a presença online dela era completamente irrelevante. Tudo mudaria com o dinheiro do prêmio e o contrato para seu primeiro álbum, eles finalmente conseguiriam fazer algo grandioso. Era isso que ele falava para si mesmo naquela manhã, antes de descobrir que sua banda estava desclassificada por se inscrever em um gênero musical que não existia. E foi quando ele descobriu que ninguém, além dele e seus amigos, se lembrava, ou sequer sabia, o que era rock, e isso era inaceitável. Então ele sabia que só havia uma coisa a fazer: trazer o rock de volta.