KerolyStar
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Boun Noppanut tem 19 anos, mora com a mãe omissa e o padrasto violento, em um apartamento mofado que fede a bebida e silêncio. Na escola, era visto como promissor - inteligente, bonito, com um talento cruel para escrita e esporte. Seu professor e técnico dizia que ele podia ir longe.
Mas a realidade bateu antes dos sonhos. E como tantos, Boun caiu.
Primeiro foi a maconha - "só pra relaxar". Depois a cocaína. Depois a heroína, o crack, os comprimidos desconhecidos. Agora, aos 19, ele não escreve mais. Ele vende, rouba, mente. Troca o que sobrou da alma por mais um trago, mais uma fuga, mais um dia respirando.
Do outro lado da cidade, vive Prem Warut, 18 anos. Criado por pais humildes, trabalhadores, que não tinham muito, mas sempre deram amor. Prem faz faculdade de Serviço Social, estuda à noite, trabalha num centro de apoio a moradores de rua aos fins de semana.
É lá que ele encontra Boun pela primeira vez - um vulto encurvado no chão da calçada, os olhos opacos, um caderno rasgado ao lado. E algo nele - no jeito como respira, no jeito como finge não estar implorando - prende Prem.
O que nasce entre eles não é amor. Não ainda. É dor reconhecendo dor.
E uma esperança míope de que, se eles se agarrarem forte o suficiente um ao outro, talvez não afundem.
Mas a lama é profunda. E o amor, às vezes, não basta.