- Olhe, Effie. Chega, ok? Você está muito bêbada, vamos subir. - Falo, autoritário. - Você fala assim, como se estivesse no auge da sobriedade, não é, Abernathy? - Ela pergunta, irônica. - Eu aposto meus sapatos mais caros que você bebeu, e não foi pouco, nesse intervalo de tempo em que você ficou longe de mim. Effie continua cantando e dançando - dançando não, rebolando, se esfregando em mim - e eu tento me controlar com essa situação.

Já que nas suas visitas anteriores ela simplesmente sumia no meio da noite e quando eu acordava nada mais havia naquela cama além de mim. Aquilo me causava certo desapontamento, mas nenhum de nós, na verdade, queria ser visto com o outro. Apenas entre aquelas paredes do meu quarto. Porém dessa vez foi diferente. Tudo foi diferente.

Ótimo, estou sozinha num elevador escuro com Haymitch. Terei uma hora para provocá-lo e lhe mandar indiretas. - Ora essa... - Rio com sarcasmo. - Parece que estamos presos juntos no elevador, hein? - Pois é. - Ele responde igualmente sarcástico - Seria uma armação do destino, Trinket? - Hum, quem vai saber não é? - Me encosto despreocupadamente na parede do elevador. Haymitch faz o mesmo na parede ao lado me encarando com um sorrisinho cínico no rosto.

Porque com Haymitch ao meu lado tudo fica mais fácil.

Effie Trinket está empolgada com a festa no Palácio Presidencial, em homenagem à Katniss e Peeta, na Turnê Dos Vitoriosos. Porém, está... indo à loucura com a organização. Ela quer a perfeição nessa festa. Está se dedicando com tanto afinco aos preparativos, que acaba esquecendo de dar atenção à um certo mentor, de quem ela gosta muito. E Haymitch, entendendo a situação de Effie, vai ajudá-la afrouxar o espartilho e tomar um drink, afinal, ela está precisando.

Esta é a única parte boa de estar aqui na época dos Jogos. É a única coisa que ainda me prende a tudo isso.

Definitivamente, eu o prefiro sóbrio.

Existem coisas que apenas o tempo pode nos mostrar. Coisas que estão na nossa frente o tempo inteiro, mas não conseguimos enxergar. Precisávamos um do outro cada vez mais, e essa necessidade de companheirismo acabou se transformando em algo maior.

O problema é que eu não consigo lembrar de esquecê-lo.