wisebia
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No Minas Tênis Clube, ninguém entra sem merecer. A quadra é sagrada: cada saque pesa, cada erro machuca o ego e cada bloqueio vira provocação. Ali, o corpo é fronteira, limite e marca de tudo o que já quebrou para chegar até ali.
Thaísa Daher, bicampeã olímpica e muralha dourada, retorna para mais uma temporada com o peso de quem já conquistou tudo - mas ainda precisa se provar. Para o mundo, ela é gigante, arrogante, impossível de derrubar. Ninguém vê as noites de gelo nos joelhos, os estalos silenciosos, as dores que não aparecem no uniforme. Ela volta para competir, para vencer... e principalmente para provar algo a si mesma.
Entre macas, protocolos e paciência cirúrgica, está Lívia Drumond, fisioterapeuta do Minas há quase uma década. Mineira no cuidado e na firmeza, ruiva de pele clara e sorriso controlado, ela lê dor como quem escuta segredos. Doce na voz, implacável no toque, faz estrela do time respirar fundo, manda medalhista dobrar o joelho e coloca gigante pra chorar em alongamento. O elenco a chama de Miss Protocolo - e ela usa esse título como autoridade.
Quando mãos que curam encontram um corpo que se recusa a ceder, nasce uma disputa silenciosa.
Thaísa provoca só para ver até onde Lívia aguenta.
Lívia responde com regras, exercícios... e gelo. Sempre gelo.
A quadra vira palco. A sala de fisioterapia vira arena. Entre ironias, olhares demorados e silêncios que queimam mais que dor física, surge algo que nenhuma delas estava pronta para tratar. E nenhuma sabe se deve curar... ou deixar piorar.
Porque a lesão mais difícil não está no joelho, no ombro ou no tornozelo.
Ela acontece quando duas forças se encaram sem defesa.
Por Trás do Ataque - amor não se bloqueia. Transpassa o que a gente tenta esconder.