mdnight99998888
Dizem que, antes de Lúcifer cair, sua luz era capaz de purificar tudo o que tocava, não por imposição, mas por natureza. Seus irmãos chamavam isso de "o sopro da aurora", um dom raro entre os serafins mais antigos. Um poder que não apenas dissolvia impurezas, mas devolvia aquilo que tocava ao seu estado mais verdadeiro.
Mas, quando ele caiu, essa luz não se apagou. Apenas se curvou. Retraiu-se como uma chama sufocada pelo vento. Transformou-se em cinza, mas não morreu. Ficou presa atrás do peso de um coração ferido, atrás da raiva que substituiu o amor, atrás da máscara do Diabo que foi obrigado a vestir para sobreviver ao próprio exílio.
Poucos sabem disso. Menos ainda são capazes de perceber.
O Inferno teme sua soberania, o Céu teme sua memória.
E os anjos, seus irmãos não esquecidos, mas arrancados de si por ele mesmo ao permitir a paixão o consumir, sussurram que há algo nele que nunca deveria ter continuado vivo depois da queda.
Algo que poderia curar.
Ou destruir.
Agora, enquanto Vox o mantém aprisionado dentro da arma, drenando sua essência como combustível, esse poder perdido começa a pulsar novamente. Não como luz, mas como um brilho distorcido, querendo acordar, querendo romper, querendo se vingar.
Lúcifer sente.
E teme.
E deseja.
Porque ele sabe que, se despertar, não será apenas o Rei do Inferno que retornará.
Será o anjo que o Céu tentou silenciar.
A graça que se recusou a morrer.
A purificação que, misturada ao ódio, não salva, mas sim, consome. Roo e luz; diabo e serafim; pai e rei; filho e príncipe.