Parte II. Dizem que não há dor que o tempo não pode curar, mas para o coração de Georgia Garcia Bastos, cujos caminhos foram desviados contra sua vontade na flor da idade, isso era faltar com a verdade. Longe de casa, Georgia precisa lidar com as terríveis consequências do relacionamento clandestino que viveu com Helena, seu primeiro e único amor. Determinada a se refazer bem longe de quem ama, ela se dedica à árdua tarefa de retomar as rédeas do próprio destino enquanto se esforça para desapegar do passado. Mas tão forte quanto a determinação em esquecer o passado é o amor irredutível que a domina. Compelida a retornar para casa num momento de urgência, Georgia agora deve encarar os efeitos que o tempo e a distância tiveram sobre as relações do passado, mas nada podia prepará-la para a amarga constatação de que nada do que ela deixou para trás ficou no lugar.

Parte I. Helena Porto conhecia muito bem os dissabores de ser sozinha. Não por acaso, passou boa parte de sua vida lidando com as consequências da tumultuada separação dos pais. Ela só tinha dez anos quando foi levada para outra cidade, e então dezesseis quando, motivada pela rejeição da mãe, decidiu retornar a São Paulo para morar com o pai e com a avó. Disposta a deixar os problemas familiares para trás, Helena se esforça para se refazer à própria imagem, mas um reencontro inesperado com a amiga de infância que não via há anos faz Helena dar um passo para trás em relação às próprias convicções. Para a surpresa de Helena, Georgia Garcia Bastos, rica, mimada e inatingível, ainda estava no mesmo lugar de quando a deixou pela última vez - e era ainda mais especial do que se permitia lembrar. A última coisa que Helena precisava, no entanto, era cair no clichê previsível de se apaixonar pela menina que nunca teria, e os clichês ela deixava para a ficção.