Lixyhy
Weast Highside City parece igual a qualquer outra cidade suburbana de merda. Casas iguais, corredores de escola onde todo mundo finge ser mais feliz do que realmente é, festas com músicas altas, drogas fáceis e beijos que não significam nada.
É numa dessas festas que Lia Butler, sempre perdida entre cigarro, pílulas e pensamentos que nunca param, vê Austin Howard pela primeira vez. Ele não parece alguém que deveria estar ali - bonito demais, calmo demais, bom demais. A conexão acontece no meio da fumaça, rápida, quase imperceptível, mas suficiente pra bagunçar a cabeça dela. Dias depois, quando Lia descobre que ele está na sua própria turma de literatura, fica paralisada. É como se o acaso estivesse pregando uma peça.
Você já sentiu quando o mundo inteiro gira, e de repente alguém aparece... e tudo fica mais lento? Foi isso. Uma festa, música alta, cheiro de suor e fumaça. Gente rindo alto, copos quebrando, alguém vomitando no jardim. E no meio do caos, ele.
Não fazia sentido ele estar ali. Não fazia sentido ele existir no mesmo espaço que eu. Alto demais, bom demais, como se fosse um acidente num lugar que só produz ruínas. Ele a olhou como se ela fosse real, e isso a destruiu mais do que qualquer droga já fez.
Ela achou que era só uma miragem. Um erro da vida, cabeça dopada. Mas não. Na segunda-feira ele estava lá, sentado na sala de literatura dela, como se sempre tivesse estado. E ela não sabia se queria correr, ou gritar, ou beijar ele até o mundo acabar. Eles não trocaram muitas palavras naquela primeira noite. Nem precisava. Foi só um olhar, só a respiração presa na garganta, só aquela sensação suja e bonita de que duas pessoas podem se reconhecer no meio do barulho. Não foi amor à primeira vista. Não foi destino. Foi algo mais feio, mais humano, mais verdadeiro. Uma conexão crua, estranha, que arde na pele e pesa no corpo. O tipo de coisa que pode te salvar ou acabar de vez com você.