brntodiev
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No fundo, Rosamaria a amava. Mais do que queria admitir, mais do que ousava sentir. Era um amor silencioso, daqueles que se escondem atrás de olhares revirados, suspiros impacientes e frases curtas ditas com a frieza calculada de quem tenta negar o óbvio. Celina, com seus risos fáceis e olhos que enxergavam além das máscaras, sabia. Sempre soube.
Celina a provocava com uma maestria quase cruel. Não porque quisesse feri-la - pelo contrário. Era seu jeito torto de amar também. Sabia que por trás das reclamações de Rosamaria sobre sua "imaturidade", seu "excesso de entusiasmo", havia algo mais. Um medo. Talvez da juventude que escapava, talvez da paixão que ainda teimava em queimar, mesmo que os anos tentassem apagá-la.
- Você me odeia, não é? - perguntava Celina, com aquele sorriso que misturava desafio e ternura.
- Te odeio, sim. - Rosamaria respondia, olhando para longe, como se o horizonte fosse mais fácil de encarar do que aqueles olhos. - Porque te amo e não posso.
Mas era ali, nesse embate constante, nesse amor camuflado por implicância, que as duas existiam com uma intensidade rara. Porque algumas histórias não precisam de finais felizes ou declarações grandiosas. Elas vivem nas entrelinhas, nos silêncios gritantes, nas provocações que só fazem sentido para quem ama e não sabe dizer.
E assim, entre o amor não dito de Rosamaria e o amor zombeteiro de Celina, o tempo seguia. Porque o que elas tinham não era pouco - era o suficiente para ser eterno, mesmo que do jeito errado.
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Rosamaria x Leitora.
plágio é crime!