ynarakelly
Em tempos já idos, e quem sabe se melhores? Quando o sol ainda se demorava sobre as ameias de Elandor e as trombetas imperiais ressoavam, como ecos de uma glória que se supunha eterna, havia um homem de nome Michael Moonveil. General de prestígio, valente nas armas e, mais ainda, fiel ao trono que jurara servir com o sangue, se necessário fosse.
Esse mesmo Michael, cuja espada outrora despertava aplausos e temor, viu-se de súbito lançado ao opróbrio, réu de uma traição que, se existiu, não foi dele, mas daqueles cuja habilidade em forjar provas rivalizava com a dos antigos ourives em trabalhar o ouro. Era o preço, talvez, de ter servido bem demais a um poder que não tolera dívidas de honra. Perdeu, assim, a pátria, o nome e o repouso da consciência tranquila, que, dizem, é o travesseiro dos justos, embora não lhes assegure o sono.
No exílio, encontrou um moço: criatura frágil, despida de nome, passado e futuro, que caminhava como quem busca e não sabe o quê. Fora cativo, e agora, liberto, trazia no olhar não a certeza, mas a esperança, que é, por vezes, mais perigosa. Michael, talvez por um resto de ternura em seu coração ou por memória do menino inexperiente que um dia já foi, deu-lhe um nome: Luke. E ao nome, um laço inquebrantável de amizade.
Seguiram juntos. Pelos caminhos do mundo, colecionaram misérias, conheceram pessoas, enfrentaram homens e feras, que às vezes se confundem, e sonharam. Sim, sonharam. Um novo Império, disseram, onde a liberdade não fosse indulgência e a esperança, castigo.
Mas... será que sonhar basta? O mundo, esse cínico, raramente se curva a ideais. O que farão, pois, esses dois, quando o peso da realidade lhes cair sobre os ombros frágeis? Serão mártires da própria utopia, ou fundadores de uma ilusão mais persistente? E, mais que tudo, pode o delírio de dois proscritos erigir os alicerces de uma nova Era - não de ouro, mas de Paz?
🏅#Épico 07/04/2025
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