A aristocracia transforma o desespero em espetáculo. No Torneio Expurgatório, a plebe é lançada à competição para entreter os nobres e buscar o perdão de seus pecados perante o clero. A antiga aliança entre os reinados de Rubi e Ouro se rompeu quando Arthena Blackscythe, coroada rainha, ousou libertar os escravizados, banir a burguesia e desafiar a fé que sustentava os opressores - e, em resposta, viu seu reino esmagado pela guerra em nome de uma justiça divina. Consumida pela vingança, Arthena sobrevive e, disfarçada, ingressa no torneio disposta a tornar-se a estrela mais amada da corte de Ouro. Seu propósito é claro: reacender a revolução, conquistar a confiança do rei e destruir, um a um, os pilares do império que arrasou seu povo. Mas o desejo proibido pelo príncipe - criado para ser santo, enquanto ela é tida como o mal encarnado - ameaça dividir sua raiva. Entre o ódio e a esperança, Arthena entende que não há redenção sem vingança. E com o sangue dos opressores, ela fará o governo se curvar ao povo.

Há eras esquecidas, demônios, feéricos e semifeéricos caminhavam juntos, partilhando um mundo cercado de segredos. A causa da guerra que os separou se perdeu nas brumas do tempo, um eco distante de um pesadelo que ainda atormentava os sobreviventes. Com os demônios trancafiados nas profundezas do inferno, a paz parecia ter finalmente se instalado. Contudo, essa serenidade era apenas uma ilusão. Uma escuridão antiga e silenciosa avançava, consumindo tudo em seu caminho, lenta e impiedosa. A única esperança de salvação recaía sobre Raiden Ryu, uma mulher sem poder algum... ao menos, era isso que ela pensava.

O convento era mais um lar que um orfanato - ou assim Sarah acreditava. Criada entre orações e salmos, ela jamais questionou os muros que a separavam do mundo. Ali, tudo parecia calmo. Sagrado. Perfeito. Até que, ao invadir por acidente a ala proibida da floresta, sua paz foi roubada. Pesadelos com fogo e gritos passaram a assombrar suas noites. Vultos e premonições se tornavam cada vez mais reais. E o desejo incontrolável por sua colega virou um fardo sagrado demais para ser confessado. Nem água benta, nem jejuns, nem fé ou punições foram capazes de purificá-la - ou de banir o mal que agora a acompanhava. Ao mergulhar em registros antigos e proibidos, Sarah descobre que o convento foi erguido sobre os túmulos de mulheres condenadas como bruxas. Carrega em si as cinzas de uma fogueira esquecida. E a fé que a moldou agora seria a lenha do incêndio que estava prestes a começar.

Alexanderson passou um mês planejando o último dia de sua vida. Há meses havia deixado escrito em várias cartas e um diário, enterrados no quintal, suas percepções sobre a vida, suas dores, os amores não vividos. No último dia de sua vida, deixou uma carta de despedida dentro da lata de biscoito, junto com as demais e um bilhete indicando o local da tal caixa para que sua família encontrasse tudo depois que voltassem da casa da avó no interior.

Livro de contos curtos - coletânea com contos diversos sobre os mais variados temas.