CamillaMorozesky23
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Em um reino onde a realeza se confunde com o desígnio dos próprios deuses, o rei Kim Nam Joon é um homem habituado a subjugar o impossível para cumprir uma única missão: preservar o sorriso de seu filho, o príncipe Park Ji Min - o herdeiro prodígio que sobreviveu à sucessão de desventuras, natimortos e promessas interrompidas que amaldiçoaram sua linhagem.
Desde o nascimento, Ji Min fora reverenciado como uma dádiva celestial - o milagre que nenhum decreto humano ousava contrariar. Contudo, o tempo converteu a ternura em delírio, e o amor em um impulso inominável. Seu olhar, outrora doce e compassivo, detém-se sobre um único súdito: Jeon Jung Kook, jovem de corpo exíguo e alma rarefeita, cuja fragilidade física e candura inata despertam no príncipe uma ânsia paternal que beira a insanidade.
Ji Min almeja envolvê-lo, subjugá-lo, ressignificá-lo - não como servo, mas como criança. Fantasia vê-lo inteiramente dependente de seus braços, reduzido à inocência que só a obediência perfeita pode conceder. É um anseio que o devora em silêncio, corroendo-lhe o repouso e a lucidez.
Para Jung Kook, entretanto, esse zelo disfarçado de amor é um suplício. O jovem, tomado pelo pavor de ser metamorfoseado em algo que jamais desejou ser, teme não apenas o príncipe, mas toda a estrutura da casa real - uma engrenagem de poder tão absoluta que aniquila qualquer possibilidade de resistência.
E quando o rei Nam Joon vislumbra a dor do filho, sua razão capitula diante da devoção. Incapaz de negar-lhe o mais excêntrico dos caprichos, ele decide intervir, disposto a converter o pavor de Jung Kook em rendição - ainda que, para tanto, precise obliterar-lhe a vontade, o livre-arbítrio e até o último resquício de humanidade.
Entre a ternura e o domínio, entre o amor e a ruína, floresce uma relação que desafia a razão, corrompe o afeto e redefine os limites do poder.