coberturasoft173
Algumas histórias não começam com palavras trocadas ou olhares intensos.
Elas começam no silêncio, naquele espaço entre o que se sente e o que ainda não se entende.
No frio do gelo.
No calor de um coração que acelera pela primeira vez.
Celeste Corrine nasceu para patinar.
Antes mesmo de aprender a escrever seu próprio nome, já deslizava sobre o gelo como se ali fosse sua casa secreta, onde o mundo parava de doer.
Para ela a patinação era linguagem.
Quando as palavras faltavam, quando os sentimentos transbordavam, era com os pés que ela falava e o gelo a escutava.
Mas nem mesmo o gelo podia antecipar o momento em que ela seria vista com olhos diferentes. Não como uma atleta, uma competidora, uma estrela em ascensão. Mas como alguém capaz de tocar o íntimo de outro ser humano .
Sem uma palavra, sem um gesto direto. Apenas sendo quem era.
Javon Walton não era feito de silêncio.
Ele era punhos e resistência. Era suor no rosto e disciplina nos ossos. Cresceu lutando, contra o tempo, contra os outros, contra si mesmo.
E ainda assim, bastou uma apresentação.
Uma garota girando no centro de uma pista.
Um momento em que ela pareceu não apenas patinar, mas se desfazer em emoção.
E Javon sentiu que algo dentro dele se transformava e nascia, tudo ao mesmo tempo.
Dizem que o amor acontece devagar.
Outros juram que ele cai sobre a gente como um raio.
Mas a verdade é que o amor começa de formas diferentes para cada um.
Para Celeste, começou com um estranho na plateia, cujos olhos a seguiram como se buscassem respostas para perguntas que nem haviam sido feitas.
Para Javon, começou com a sensação inquietante de que sua vida, até aquele momento, tinha sido vivida com os olhos meio fechados.
Essa é a história dos dois.
De como dois mundos não tão distantes podem se encontrar em uma curva improvável do destino.
E de como, às vezes, tudo que é preciso é um instante para que tudo mude para sempre