fanfiqueirooficial22
O sertão carregava nas marcas da terra a lembrança do sangue e da resistência. A guerra contra o cangaço tinha ficado para trás, mas suas feridas ainda viviam nos olhos de quem sobreviveu. Otília, a mulher que ousou enfrentar os homens armados e suas sombras, agora era quase um mito entre as pessoas. Para Jânia, porém, Otília nunca foi apenas uma heroína - foi o amor que o tempo não conseguiu apagar.
Mas Jânia trilhou outro caminho. Enquanto Otília lutava com armas e coragem, ela lutava com palavras e ideias. Não aceitava ver sua gente esquecida, humilhada por coronéis que usavam o poder como corrente. Foi então que o nome de Arduino, homem duro e corrupto, começou a aparecer nas bocas dos poderosos, como o futuro prefeito que traria ainda mais medo e injustiça.
Jânia não suportou calar.
"Se ele entrar, nosso povo acaba de vez", dizia para si mesma, enquanto sentia o peso da responsabilidade crescer dentro do peito.
E assim nasceu a coragem que ela nunca imaginou ter. A candidatura foi uma faísca - simples, verdadeira, diferente da política suja que todos conheciam. Jânia falou de justiça, de terra, de dignidade. Falou com o coração, e o povo ouviu.
O fim de Arduino foi amargo. Sua ambição o fez cair, não por um tiro, mas pelo próprio veneno de sua ganância. E quando o último voto foi contado, o sertão inteiro gritou um nome:
"JÂNIA!"
Ela venceu. A mulher que ninguém acreditava ser capaz derrotou o homem que parecia invencível.
Mas entre aplausos e comemorações, um nome voltou a queimar no peito de Jânia:
Otília.
A guerreira que ainda vivia nos seus pensamentos, como o desejo e a saudade que nunca morreram.