isis_reficki223
As flores sempre fizeram parte da vida de Stacy Kushizi. Não porque ela as amasse, mas porque aprendeu desde cedo que até o mais delicado dos botões podia esconder veneno.
O internato Saint Edevane, onde ela havia acabado de ingressar, parecia respirar flores. Jardins simétricos cercavam os prédios antigos, corredores eram decorados com arranjos frescos diariamente e até o brasão da escola trazia uma coroa de lírios emoldurando o nome em latim. Era bonito, sim - mas também havia algo inquietante em tanto zelo pela botânica.
Na primeira semana, Stacy já notara que o internato tinha suas próprias regras silenciosas. Não escritas nos regulamentos, mas gravadas nos olhares dos veteranos. E, acima de tudo, havia segredos. Segredos escondidos entre estufas de vidro e corredores de pedra cobertos por heras.
Na noite em que encontraram o corpo de Eliah Moreau no viveiro, Stacy entendeu que as flores seriam mais do que decoração. Sobre o peito do garoto, cuidadosamente disposta, havia uma rosa negra. Ao lado, um bilhete escrito à mão, em letras retorcidas:
"Cada flor é uma pista. Cada pétala, uma sentença. O jardim floresce com sangue."
Enquanto a maioria dos alunos entrava em pânico, Stacy sentiu algo diferente: um chamado.
A partir dali, nada no Saint Edevane seria apenas sobre estudar.
As flores estavam falando.
E alguém estava disposto a transformar o internato em um manual vivo de crimes florais.