Cassandra Martell tinha mais futuro do que passado. O nome da Princesa de Dorne era sussurrado por entre os becos e o clamar da ventania como uma prece - ou o eco de uma ruína. A jovem de cabelos tão cacheados e rebeldes quanto uma tempestade de areia, tinha mais segredos correndo pelas veias do que permitia ser sentido sobre a pele escura, e nem mesmo o sol e seus deuses poderiam desvendá-los. A razão do mistério acerca de sua notoriedade era única, todavia: seus olhos - ou, talvez, a falta deles. Sempre com um tecido cravejado deitando-se sobre carne suave das bochechas, a curva do nariz adunco e as sobrancelhas grossas, nenhum plebeu, servo ou nobre via suas íris desde que a jovem deixara o ventre da mãe. O motivo de tal incógnita era murmurado a anos, e sem respostas permanecera. O que tantos queriam descobrir, tão velado quanto os cofres de Dorne, é que, mesmo com a escuridão e o tecido quente deleitando-se da maciez de seus cílios, aquela jovem via muito mais do que o véu da verdade humana permitia. A princesa Martell era uma sonhadora, condenada pelo Futuro a se mover num tabuleiro onde as peças ainda não haviam sido colocadas. E, aos dezessete anos, ela já havia aceitado sua sentença. Numa madrugada, entretanto, algo rompeu sua mente muito mais que o véu que tanto se espreitava: sangue. Um destino vermelho. Cabelos penosamente escuros num mar prateado. Olhos profundos e sem vida. Um trono em chamas. Sua própria morte. Cassandra Martell nunca se importara com dragões. Mas, ao ver um fantasma de seu passado que deveria estar a sete palmos abaixo da terra ter as mãos sobre seu pescoço novamente, salvar a vida do príncipe Jacaerys Velaryon não lhe pareceu uma opção - pareceu sua própria condenação. Seu Futuro. ! capa perfeita por: yvanecastleblack_ 🤍 • annalizie, 2025. • jacaerys velaryon × fem!oc. • house of the dragon.

. 'ONDE HÁ UMA LABAREDA A DE QUEIMAR.' Tudo se iniciava com uma labareda. Ahlpria D'Auvegne sabia disso. Tragédias divinas, guerras dilacerantes e amores eternos tinham o mesmo início ardente. Uma faísca cintilante que, de algum modo, sempre resplandecia num enervado incêndio, que queimava o que estivesse por perto. O fogo, afinal, era incessável. Entretanto, com dores ardentes consumindo seu interior, Ahlpria D'Auvegne decidiu que odiava o alaranjado que consumia as lenhas ásperas, as velas esbranquiçadas e os corpos ensanguentados. Repugnava o fogo, seu reluzir e sua força. Queria as lenhas frias, as velas inteiras e os corpos com vida. Anos após a lástima perda qual inundou-a de uma pesada ira inextinguível, Ahlpria desejava rever os príncipes com uma afiada lança fincada em suas jugulares. Porém, quando o segundo descendente das chamas afundou na água, Ahlpria D'Auvegne avistou uma chance. Indo contra as próprias peças de seu jogo, a jovem de cabelos trançados em rancor segurou os pulsos encharcados daquele que mais odiava, o vendo arder novamente. Nesse momento, Ahlpria D'Auvegne e Lucerys Velayon ascenderam uma labareda que, indo contra os traços do Destino, guerreava arduamente contra a escuridão e os ventos frios - e aquela pequena faísca estava fadada à incendiar o mundo. ! capa perfeita por: @cypherluver 🤍 • annalizie, 2025. • lucerys velaryon × fem!oc. • house of the dragon.