qfelipe
Há páginas que não foram escritas para o mundo, mas para salvar o que restava de mim. Estas cartas nasceram nos dias em que a dor abriu frestas no peito e tudo parecia desabar em silêncio. Escrevi cada linha como quem tateia a própria sombra, como quem tenta segurar a última chama antes que o escuro engula tudo.
São fragmentos de um tempo em que a voz falhava, mas a alma insistia em falar. Palavras que vieram trêmulas, feridas, mas verdadeiras, porque só a verdade encontra saída quando o resto se perde.
Se alguém as lê agora, que encontre nelas mais que tristeza: que encontre um rastro, um gesto, uma pequena ponte entre o que fomos e o que tentamos ser quando sobreviver parecia demais.
Estas cartas são meu testemunho. Meu silêncio rasgado. Minha forma de dizer que a dor passa por nós, mas não precisa nos carregar para sempre.