Erick Pulgar vive o auge da pressão. Depois de uma sequência ruim, a torcida começa a questionar tudo: o passe, o foco, o coração. O volante do Flamengo, conhecido pela frieza em campo, tá no limite. E é justamente nessa fase sombria que ele te conhece - tu, Ana Clara, prima do capitão de um time rival. O encontro acontece por acaso num evento beneficente em São Paulo. Tu foi levada pela família, sem saber que o elenco do Flamengo estaria lá. Quando Pulgar te reconhece (por causa do sobrenome do teu primo, rival dele), o clima é tenso. Ele provoca, meio por defesa, meio por costume. Mas tu responde na mesma altura. E pela primeira vez em muito tempo, ele ri de verdade. Nos dias seguintes, ele te procura nas redes. Começa discreto - curtidas, mensagens indiretas, até uma conversa que vira vício. Só que há um problema: tua família odeia o Flamengo, e a torcida rubro-negra odeia teu primo. Um relacionamento entre vocês é praticamente um "gol contra" duplo. Mesmo assim, vocês continuam. Encontros escondidos, viagens secretas, camisas trocadas no fundo do carro, o cheiro dele grudando no teu moletom. Pulgar encontra em ti o único refúgio da pressão - alguém que o vê sem o escudo, sem a camisa, sem o peso da faixa. Tu vê nele alguém que não é só o "chileno do Flamengo", mas um homem tentando recomeçar. Quando o clássico chega, tudo explode. Teu primo promete "dar o troco" em Pulgar dentro de campo. Tu tenta disfarçar a tensão, mas ele percebe - e entende tudo. No dia do jogo, a câmera flagra Pulgar olhando pra arquibancada no hino. Ele tá te procurando. Tu tá lá, com um boné pra disfarçar o rosto, o coração martelando. Durante o segundo tempo, Pulgar marca o gol da virada - um chute limpo, firme, como se estivesse lavando a alma. Ele não comemora. Só ergue o olhar na tua direção, e faz um gesto quase imperceptível, passando o dedo no peito, sobre o coração.