Poesias amargas.

Sabe aquele sentimento, quando você está deitado na cama, sozinho no quarto, à noite? Aquele de se sentir observado. Todo mundo já passou por isso. E todo mundo sabe que é só dormir que ele vai embora. Mas esse não era meu caso. Ele não ia embora. Por mais que eu puxasse o cobertor até a orelha, e virasse para a parede, tentando não pensar nisso, eu o via aproximar-se pelo canto do olho. Aquele esguio, pálido e cheio de tentáculos, homem. E quando tomava coragem para virar e olhar em sua face branca, lisa, sem olhos, ou uma boca, ele simplesmente... Desaparecia. Aquilo estava me deixando louco. E talvez aquilo fosse seu objetivo. Me deixar insano, louco, paranoico. Mas sabia que não era seu objetivo principal. Era apenas um meio de conseguir o que queria. Me agarrar por seus inúmeros braços e deixar-me apodrecendo em sua toca. Deixar-me apodrecendo de loucura.