IrisSBarros
Francesca chegou a Roma a meio de agosto de 2001, com o sol ainda quente nas pedras antigas e um mapa dobrado no bolso - como quem chega ao início de si mesma. Tinha 18 anos, olhos verdes que não sabiam mentir e o cabelo solto, dourado de sol, que teimava em não obedecer. Vinha de Florença, filha única de um amor que não durou. Cresceu entre livros e silêncios, protegida pela mãe que trabalhava numa loja de roupa e fazia da ternura uma forma de resistência. O pai, longe, vagueava pelo mundo e pelas promessas não cumpridas - mas Francesca nunca exigiu mais do que recebia.
Sonhava escrever, misturar filosofia e vida como quem procura sentido nas entrelinhas. Conseguiu uma bolsa para a Università La Sapienza, onde ninguém acreditava que chegaria. Mas ela sempre chegava. Agora queria mais: Veneza, Capri, um amor talvez. Ou apenas liberdade bastante para inventar o próprio caminho.