Vini_shadow
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A brisa chegou primeiro - fria, cortante. O céu dourado do fim do verão escureceu em ocre doentio. As árvores tremiam. As folhas caíam não em dança, mas em rendição.
Do topo da encosta, surgiu ele: o Cavaleiro. Montado num cavalo de costelas visíveis, olhos fundos, avançava devagar. Em mãos, carregava uma balança - não de justiça, mas de miséria. E ela sempre pendia para a desgraça.
A cada passo, a terra rachava. Frutos murchavam no ar. Os rios secavam, a luz sumia. Por onde passava, a cor fugia. Os campos viravam deserto. As árvores, esqueletos. Nada sobrevivia à sua sombra.
A queda havia começado. O mundo, curvado sob o peso da escassez, entendia: a colheita acabara. E com ela, o que restava da esperança.
Outono das Sombras.
A estação da decadência. Tudo cai - folhas, corpos, máscaras.
A beleza da queda oculta o horror da ruína.