flwjjk97k
Est vive uma existência em tons de cinza, sufocado por um relacionamento que mais o aprisiona do que aquecer, e por fantasmas de um passado que se recusa a ser esquecido. Na pacata e opressiva cidade à beira-mar, os dias se arrastam monótonos, e as noites são preenchidas apenas pelo silêncio ensurdecedor da insônia e do medo.
Tudo muda em uma noite abafada, dentro de uma balada decadente de Bangkok. Em um acidente desastrado, Est esbarra e quase quebra o baixo de William - um enigma ambulante de tatuagens negras e azuis que contornam seus braços, uma mecha azul elétrica cortando sua franja escura e um piercing de aço cintilando em seu lábio inferior. Ele é o caos personificado.
Est não soube decifrar se era a intensidade selvagem no olhar de William, a aura de perigo implícito ou a forma como ele parecia a materialização de todos os desejos proibidos que Est jamais ousou admitir. William soava como uma sinfonia tocada em volume máximo: bela, avassaladora e caótica, do tipo que atrai e apavora, sem oferecer rotas de escape ou promessas de amanhã. A única opção era admirar a tempestade de longe, sabendo que se aproximar seria ser devorado.
A partir desse encontro acidental, a vida tranquila e dolorosa de Est ganha novas cores, texturas e melodias. Ele se vê arrastado para a órbita de William e de sua banda, onde conhece Tui, Lego, Nut e Hong - os amigos tão intensos e leais quanto o líder carismático. Entre ensaios barulhentos em garagens sujas, shows clandestinos e noites intermináveis, Est é apresentado a um mundo de sensações cruas e emoções à flor da pele.
Mas cada momento de êxtase ao lado de William é seguido pela sombra do abismo que separa seus mundos. Entre acordes distorcidos e silêncios que falam mais que palavras, nascem memórias ardentes e sentimentos proibidos, tecendo uma história de um amor tão profundo e distante quanto as notas de uma canção que se perde no mar tailandês.