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Já se passaram muitos anos desde aquela noite. Mesmo assim, com tantos
outros fatos marcantes presos à minha mente, ainda recordo, detalhadamente, daquele momento, daquele fogo, daquele corpo.
O relógio de parede já marcava vinte e três horas quando o telefone celular
começou a vibrar em cima da penteadeira de madeira envernizada que ficava ao lado
da minha cama. Ligações daquele número eram comuns, mas nem sempre com aquela
agitação intuitiva sentida por mim. No visor do aparelho telefônico, abaixo da nossa
foto juntos, o nome que aparecia era "Amor". Chamadas àquelas horas da noite não
eram habituais para casais de namorados "normais", mas, para nós, aquela era só mais
uma na agradável rotina do nosso sentimento.