bafillihonorio
Hoje vou contar sobre Gabriel, ele é um pouco estranho e eu não acho que me ame, nunca provou como os outros prova, nem me comprou flores, muito menos chocolate. Nunca me levou para jantar ou ao cinema, mas peça para seu carro... hum, sempre comprava. Se é que podemos chamar aquela Kombi velha de carro. Ia para um lado a outro com aquilo, me buscava e me trazia. Ele é um pouco estranho, bebia um suco orgânico que ele mesmo fazia. Ruim, mas fazia, porque não sabia se a horta dele daria frutos depois. Nunca comprou flores, ia no próprio jardim montar um buque para me dar. Chocolate era bom, aqueles que fazia, sua comida então, deliciosa, isso quando não me levava para comer lanche no carrinho do seu Zé. Não posso negar que era carinhoso, assistíamos filmes juntinhos dentro da Kombi. Ele era um pouco estranho, tenho que admitir, dizia que possuía hortas e jardins, mas a única coisa realmente dele era a Kombi. Gabriel não pertencia a lugar algum e de acordo com si próprio, isso o fazia pertencer a qualquer lugar. Ele era um pouco estranho, era, não é mais. Eu não achava que ele me amava, eu tinha certeza e o pior de tudo é que o amava também.
Talvez pense que esta história seja minha e de como o conheci, mas na verdade ela é dele, exclusivamente dele.
O conheci quando fazia uma viajem ao nordeste com minhas amigas, ele disse que também estava viajando por lá. A realidade é que sua vida era uma viajem. Melhor assim.
Pior. Melhor. Quem decide isso é você.