Seu nome estava em todos os lugares, em todos os lados. Etéreo como a madrugada fria ou os primeiros raios do amanhecer. Falavam dele como quem descreve um presente sagrado - um eco constante, um sussurro que ninguém ousava seguir até o fim. Um riso meio perdido na multidão. Um olhar desfocado ao vento. Você não iria querer conhecê-lo. Ouvir sobre a silhueta gravada no âmago da gargalhada que dançava pelas alamedas da cidade, ou a voz que rivalizava com as melodias de Jobim... Era fácil se apaixonar, difícil de esquecer. Mas se aprofundar em Huening Kai era se afogar em um mar de incertezas. E amá-lo? Amá-lo era a perdição ao quadrado de um ciclo sem fim. (Inspirado na poesia de Álvares de Azevedo e no documentário Elena.)

Durante muito tempo, a forma como conheceria sua alma gêmea foi mais uma expectativa para Huening Kai. Milhares de cenários fictícios se formavam em sua mente, pensamentos flutuando nos momentos mais diversos sobre sua alma gêmea, até então desconhecida. Onde seria? Como ele seria? Seria uma soulmate platônica ou romântica? Mas a maior de todas as dúvidas era qual seria a primeira cor a surgir, marcando como seria seu relacionamento. Em todo aquele tempo, repleto de sonhos e expectativas, o adolescente nunca imaginou que a cor que marcaria sua relação com seu soulmate seria vermelho-carmesim. Rara em relações de almas ligadas, essa cor marcava vínculos intensos e sua representação, muitas vezes, estava associada ao sangue. O mesmo líquido vivo e vibrante que escorria pela lâmina cortante de uma faca e caía no asfalto, o mesmo asfalto onde um homem, já sem vida, jazia inerte. Dois vislumbres de rostos que ele nunca esqueceria. Dois homens: assassino e vítima. E um deles era aquele ao qual sua alma respondia. A questão era: qual deles?

Existia um certo estirpe a respeito de signos do zodíaco. Yeonjun era de virgem, o elemento dito como de terra. Pé no chão, centrado e organizado eram características comuns quando alguém se referia a pessoas de seu signo ou de seu elemento regente. Pena que, para o Choi, a história sobre os astros não passava de balela, afinal, pouco tinha em comum com seu elemento, quanto mais ao signo. Não, não, o jovem acreditava que papo de zodíaco era papo de maluco. Isso, ao menos, até conhecer Beomgyu, o pisciano que caia perfeitamente no estereótipo do seu signo. Passivo, gentil e meio avoado, tinha mania de tirar tarot e estranhamente nunca errava quando o assunto era fazer tiragens de horóscopo semanal em suas redes sociais.

A dança era a paixão de Yeonjun, que vivenciou aquele amor de forma intensa, abdicando vários momentos e oportunidades para seguir aquele tão profundo desejo de sonhar. E, quando ele parou de respirar, as pessoas ainda lembram dele pelo o que ele foi um dia, um dançarino, apaixonado até seu âmago pela dança. A questão toda era que a dança foi o amor de Choi Yeonjun, mas nunca havia sido de seu irmão mais novo, Beomgyu. O garoto que odiava os flocos de neve caindo pela janela do estúdio, que só dançava por se sentir mais perto do irmão que perdeu. O boneco quebra-nozes quebrado, muito assombrado pelo seu passado. Assombrado demais para notar que alguém dentro da orquestra o via, além da máscara que vestia ao pôr suas sapatilhas: Soobin, um dos violoncelistas, apaixonado pelas melodias clássicas e encantado pelo bailarino introspectivo e infeliz que recebia os papeis principais de sua companhia. Soobin poderia ser a Clara de sua história, talvez, se Beomgyu o permitisse entrar dentro dos seus muros para entender seu quebrado coração.

Quando sete jovens distintos decidiram faltar à aula no mesmo dia, eles poderiam imaginar que muitas coisas ocorreriam. Desde uma suspensão, uma briga ou até mesmo botar fogo em outra lixeira, mas os sete acabaram sendo obrigados a trabalharem juntos, já que sobraram na escolha dos grupos do trabalho de Sociologia. Assim, esses adolescentes de panelinhas tão divergentes teriam que se suportar o suficiente para montar um trabalho que valia 3,0 pontos na nota final do trimestre e salvar alguns deles como um possível provão ao final de ano. E, como se as coisas ainda não pudessem piorar para Park Jimin, um dos integrantes desse grupo era "somente" Min Yoongi, o garoto que simplesmente o tirava do sério desde que se entendia por gente.

Há muitos anos, Park Jimin, príncipe regente de sua terra, havia contraído uma misteriosa doença, que, a cada dia, o deixava mais próximo da morte. Os médicos vinham sem esperanças; seu Deus havia o amaldiçoado, e nem uma das preces de sua família parecia fazer efeito, era o que todos acreditavam. O rei, em completo desespero pela possível morte de seu filho, mandou suas tropas mais fiéis em busca de algo, ou alguém, para curar o moribundo príncipe. Dentre buscas mal-sucedidas, acabam descobrindo um pequeno vilarejo, Hoffnung, onde rondavam lendas antigas que amedrontavam os cidadãos a respeito de uma estranha família, que morava na floresta há muitas décadas. Min Yoongi jamais pensou que sairia da floresta ou de Hoffnung algum dia. Muito menos que seria para conhecer alguém como Park Jimin, que mudaria sua vida em um piscar de olhos.