Ele contava os dias, era algo sobre si. Contava os dias em que esteve no inferno. Contava os dias até o momento em que poderia fugir de lá. Contava os dias sem a presença de sua mãe e os dias após a partida de seu irmão. O que ele não contava era que a contagem reiniciaria antes do que imaginava. Ele contou, então, os dias que levou para superar a fraqueza de seu corpo. Contou os dias em que ficou parado, apenas vendo tudo passar. Ele começou a contar novamente quando encontrou um objetivo para continuar. Os dias mais importantes, entretanto, eram aqueles em que ele perdia a conta. (Ou a minha própria versão de Vilão Shouto.)

- não chore assim pequeno, por que não joga todo esse sofrimento ao mar? Ele me disse com sua voz rouca tipicamente cansada, mas eu notava algo diferente, o azulado tocou meu ombro com cuidado, tentando inutilmente não desintegrar parte de minha roupa e pele. Levantei o olhar sutilmente podendo ver sua áurea agressiva, que aos meus olhos era aquilo de mais acolhedor que eu já recebera, me levantei ainda abraçado no corpo pequeno e delicado de minha antiga amiga de cabelos castanhos, observei uma ultima vez seus olhos antes brilhantes, agora já sem vida. Abri um leve sorriso, por nós dois, sem muito esforço separei-me da garota jogando-a na água que atacava brutalmente a areia na tentativa de molhar meu ânimo. - boa viajem uravity!! Falei calmo observando os resquícios de meu último assasinato, serem levados pela água, um sorriso ladino se formou em meus lábios, sim, aquela sensação tomou meu corpo, a água e eu eramos um, e ela levava toda a minha culpa e remorso. Me virei, o mais velho me olhou por breves segundos percebendo a situação em que eu me encontrava, seguimos caminho. E eu continuava pensativo, queria vê-lo, almejava faze-lo sentir o mesmo que ele me submeteu por anos. - não se acanhe Deku, logo logo será a vez de Katsuki Bakugou repousar. O homem se cabelos azulados me disse sem desviar o olhar dos prédios altos e cinzas, então eu concluí, estava tudo errado.

Aos olhares ameaçadores e assustadores, um amor entre o esverdeado e o meio-à-meio.