Num universo onde todos enxergam em preto e branco até encontrar sua alma gêmea, Jeon Jungkook era um homem conformado. Nenhum membro de sua família jamais encontrou "a cor" e isso nunca foi uma questão para ele. Cresceu certo de que o amor ensandecido contado por seus amigos era somente paixões passageiras somadas ao apego gerado pelo sobrenatural efeito em suas íris e retinas. Vivia tranquilo a este respeito. Caso achasse um soulmate era bom e se não, problema algum. Com este pensamento, o jovem fotógrafo partiu rumo ao casamento que iria fotografar, munido de câmera e lentes especiais, dia comum e corriqueiro em sua rotina. Até que um instante moveu todos os seus preceitos. Um clique distraído para testar a luz e feito um estouro, todas as cores se formaram a sua frente. Estupenda, tocante e emocionante explosão de tons e sub-tons. Por um momento ele pôde compreender as sensações que os enamorados detalhavam ao ver pela primeira vez sua alma gêmea. E tudo soaria perfeito se o homem a sua frente não fosse Kim Taehyung, o noivo.

Nos confins da esplendorosa Busan, o rei Park Jimin III descobre as nuances prazerosas, dolorosas e encantadoras do poder da palavra amar a não só uma, mas duas pessoas. Sentimentos sublimes, transpassando o peito e respondendo a todos os enigmas e indagações que fizera por toda a vida. Jeon Jungkook e Min Yoongi. Dois homens do povo, dispostos a partilhar a beleza do que é arder e morrer cheios de afeto, encontram de forma não ortodoxa um rei complexo, cercado de mistérios. Máscaras, flores, suspiros cálidos e beijos quentes os aproximam, findando o romance de forma abrupta: Um casamento e uma morte. Seria o amor libertador ou somente bela moldura a corações quebrados? Não se atormente com o peso das palavras. Jimin possuí boas reflexões sobre passado, mentiras e verdades não contadas. (Baseada em "The Truth Untold" e na história "La Città di Smeraldo.")

A ansiedade de Niara poderia ser descrita com cores. Uma paleta completa monocromática, onde os tons e subtons acinzentados se locomovem em feixes de caos mental, nublando sua visão. Ela não possuía uma cura instantânea ou palavras mágicas para sair de sua própria cabeça, tão pouco acreditava nisto. Mas havia algo. Alguém que seguraria suas mãos, rosto e lhe daria suporte, carregando a nuvem espessa para cada vez mais distante enquanto cedia amor. Niara tinha sua garota. E em seu abraço acolhedor, ecoaria como grito sussurrado um mantra simples repleto de fé. O amanhã vem.

Sempre há três visões da mesma história: A verdade, a deles e os fatos. Complexo, as faixadas em tijolos crus não escondem a mancha do ricochetear das balas. O sangue pobre, do preto, esticado sobre o cinza do chão. A mídia conta, a mãe sussurra e a classe média grita: culpado, bandido, morto. Mas há partes da história que se mantêm no obscuro dos becos e vielas sem paz, fragmentos guardados somente nos corações do povo que não se ouve a voz. A visão, o tato, o cheiro, renegados a mais um moleque com sonhos de pipa avoada, perdidos entre os gritos da guerra mais silenciosa do Rio de Janeiro. Sente um pouco, tome um gole d'água e usufrua de estar vivo. Faça isso em memória de Miguel. Pelo Prisma dele. Teu. Eu.

Palavras correm feito luz, brilhando incandescente por onde o fragmento borra. Contorna, entorna, movimentando meu eu luminescente feito estouro, transbordando alma até que toque a ponta. É misturado, gritante e despido. A massa de mim é posta em vitrine, aos olhos de qualquer pessoa que se interesse pela mistura do dissabor com o riso. Mas é bom. Bonito. Intrínseco. E quando o fim da noite vier e o sol ameaçar por seus pés no chão, você poderá ver, ouvir e sentir: minha inexorável mente.