PatriciaKoppe
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Ela nunca imaginou que um dia fosse se perder em outro olhar que não o do homem com quem um dia foi casada .
Mas naquela noite, entre risadas soltas, taças de vinho e músicas esquecidas no fundo da sala, algo dentro de Marina se despertou - como se abrisse os olhos pela primeira vez.
Gabriel chegou como quem não queria nada. Sorriso leve, presença tranquila, sem forçar espaço. Mas quando os olhos dele encontraram os dela, houve um silêncio interno que nenhum som foi capaz de preencher.
Era como se aquele olhar dissesse: "Finalmente."
E ela sentiu. Não como quem conhece alguém novo, mas como quem reconhece alguém antigo.
Ela, 30 anos, casada. Ele, 25, sobrinho do anfitrião da noite.
Não era amor à primeira vista. Era lembrança.
Uma lembrança que não vinha da cabeça, mas da alma.
Como se, em algum outro tempo - outro corpo, outra vida -, ela já tivesse se deitado ao lado daquele mesmo olhar e chamado de casa.
E naquele instante, ela soube: fugir dele seria como tentar esquecer a si mesma.