JoaquimSaoPedro
Homem excêntrico, de rara beleza, viaja do Rio de Janeiro ao lugarejo chamado Capela do Rio do Peixe, localizado na cidade de Pirenópolis, interior de Goiás, para participar da anual e tradicional Festa de Nossa Senhora de Sant'Anna. Nos primeiros contatos com alguns nativos, gente simples e religiosa, revela estranho desafio que fez a Sant'Anna. Quer que a santa se materialize e lhe desperte a fé perdida em algum momento de sua vida conturbada, marcada por traumas e decepções. Em contrapartida, ela será homenageada com a construção de uma catedral no vilarejo.
Recebido com costumeira hospitalidade por uns e desconfiança por outros, o corpo estranho passa, em pouco tempo, a interferir na rotina de pessoas dali, despertando reações que vão de paixão avassaladora ao ódio quase incontrolável. Num clima de festa popular, em cenário de exuberante natureza ao redor, a trama tem momentos de tensão crescente, combinados com elementos de sexo e violência. É também uma metáfora da batalha que se trava entre as sociedades tradicionais, com sua dinâmica social e cultura própria, que lutam para se sustentar frente ao assédio, nem sempre convencional, do moderno. Esse se expressa na arrogância, na indiferença ao diferente, e se apresenta na superficialidade da ostentação de luxo e riqueza.
"Corpo estranho" é, por assim dizer, um tributo à simplicidade do homem do campo, à sua fé, aos seus hábitos e valores.