thisisdray
Faz oito meses desde que Lando e Oscar terminaram. O fim foi confuso, cheio de palavras engolidas e silêncios longos demais. Ninguém traiu ninguém, mas a distância, o orgulho e a vida puxando para lados diferentes fizeram o amor desandar. Ainda assim, nenhuma noite passou sem que um pensasse no outro.
Oscar nunca foi de sair, mas naquela sexta-feira seus amigos o arrastam para uma boate underground que acabou de abrir em Barcelona. Luzes vermelhas, batidas eletrônicas e corpos suados ocupam o espaço. Ele se encosta no balcão, pedindo uma bebida, e é ali que o vê.
Lando. No meio da pista. Sorrindo com outro cara, dançando como se o mundo fosse dele. A camisa preta colada no corpo, os olhos acesos de um jeito que Oscar conhece bem demais. E mesmo rindo, mesmo fingindo, Lando trava por um segundo quando os olhares se cruzam.
A música parece baixar. O tempo parece parar. Há algo não dito gritando entre eles.
Oscar vira o rosto, mas Lando já está vindo. Deixa o outro cara na pista, sem nem pedir desculpas. Quando se aproxima, há tensão no ar. Nenhum dos dois sabe como quebrar o silêncio, até que Lando diz:
- Nunca gostei de dançar com outra pessoa.
A conversa começa hesitante, cheia de ironias leves, mas os olhos dizem tudo. Falta. Saudade. Tesão. Dor.
Eles dançam uma vez, só por saudade. Uma dança grudada, lenta, enquanto a batida acelera. Os corpos se entendem como antes, mas o coração... ainda machucado.