JDickel
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O morro não dorme.
Nunca dormiu.
Mesmo no silêncio, ele respira - feito uma fera velha, cansada, mas pronta pra atacar de novo.
Lá de cima, as luzes da cidade piscam como promessas falsas.
Lá embaixo, o som do baile mistura riso e tiro, perfume e sangue.
E no meio de tudo isso, dois mundos que jamais deveriam se encostar acabaram colidindo.
Um deles carrega a lei no peito.
O outro, o morro nas veias.
Um nasceu pra prender.
O outro, pra ser intocável.
Mas o destino não respeita hierarquia.
Ele chega de mansinho, disfarçado de acaso - e quando se dá conta, já é tarde.
Quando vi aquele loiro pela primeira vez, eu ainda acreditava que podia controlar tudo.
As bocas, os becos, o medo.
Mas ele apareceu e bagunçou o que eu jurava ter sob comando.
O olhar dele atravessou o meu mundo sem pedir licença.
Dizem que o amor é coisa bonita.
Aqui, ele é crime.
E a linha entre mim e ele...
é fina como o gatilho que separa o certo do proibido.
E quando a lei toca o rei,
alguém sempre sangra.