Draco Malfoy foi quebrado tão profundamente, que não havia qualquer chance de recuperar seus fragmentos, de restaurar o que ele foi ou torná-lo o que poderia ter sido. Harry Potter era o homem que poderia amar mesmo, e talvez principalmente, os pedaços.

Aquele, sem duvida, era o melhor ano para Harry Potter e para todos os Saturnos. Em meio a novas descobertas e flertes em dias sossegados e felizes, Harry se ocupava veemente em descobrir mais sobre o passado e desvendar mistérios do presente, sua mente se perdia em meio a novos amigos e traições antigas encobertas pelo passado entranhadas em um ano estranhamente confuso e intrinsecamente encantador. Esperava que os amigos não o desamparassem e que seus segredos se mantivessem selados. Pela primeira vez, Harry estava feliz em enfrentar os perigos e os mistérios de Hogwarts, porque ele já não estava mais sozinho. [Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban]

Harry se recusava a ser tratado como uma aberração. Tinha se habituado a ser chamado de monstro, desprezível e asqueroso. Mas graças a seu tempo em Hogwarts, o modo com que ele via a se mesmo tinha mudado minimamente. Já não desgostava de suas inúmeras cicatrizes e já não temia a magia. Mas entre lidar com seu novo círculo de amizades, suas transformações mensais, com a noção que o modo com que via Draco Malfoy mudou e sobre estranhos acontecimentos em Hogwarts, ele escolheria dar meia volta e fingir que nada estava acontecendo. Preferiria não lidar com isso. Não queria lidar com suas luas cheias, nem com os problemas do mundo mágico, nem com o Voldemort, muito menos se preocupar em sobreviver mais um ano em uma escola de magia. Mas aconteceu dele se apegar demais a algumas pessoas e a própria magia. Se não fosse por Callum Fawley e Draco Malfoy, ele nunca teria ido para Hogwarts naquele ano. [Harry Potter e a Câmara Secreta]

Monstro. Harry se habituou a ser chamado assim, ouviu tantas vezes que era até fácil assumir que ele realmente era um. Sanguinário, monstro, desprezível, e asqueroso. Algo sobre a força que aquelas palavras tão ásperas, e que já não tinham o efeito de antes. Sabia que suas cicatrizes nunca saram, e que o cheiro de sangue ficava cada vez mais forte de ser sentido a cada lua cheia que estava próxima. Harry sabia sobre a magia, mas preferiria não saber. Preferiria não lidar com isso. Não queria lidar com sua doença, nem com os problemas do mundo mágico, nem com o você-sabe-quem, nem se preocupar em sobreviver mais um ano em uma escola de magia. Queria não ter que lidar com isso. Mas aconteceu. E se não fosse Draco Malfoy, ele já teria fugido a muito tempo de toda essa bola de neve de problemas. [Harry Potter e a Pedra Filosofal] .