Na maioria das vezes, Neil ainda estava com muito medo de falar. Ele pensou em todas as vezes em que falou na hora errada e as coisas deram errado, ou em todas as vezes em que ele e sua mãe foram pegos porque ele não mentiu bem o suficiente. Com esses lábios, ele a condenou à dor e, finalmente, à morte. Esses lábios pressionaram as partes mais macias da pele de Andrew e fizeram promessas e mentiras. Tudo foi feito com esses dois lábios e as palavras que eles formaram, as formas e sons que eles fizeram enquanto se curvavam. No entanto, agora mesmo, seus lábios desejavam que Andrew pudesse apenas ler seus pensamentos porque a verdade era que Neil esperava nunca ter que dizer nada disso, esses pensamentos, em voz alta. O que ele disse, quando forçou sua voz a sair, foi a única verdade que nunca - e sempre - o mataria. "Eu te amo."

O olhar de Andrew encontrou o dele, e sua respiração ficou presa na garganta. Neil o reconheceu de algum lugar. Mas ele se lembraria de ter conhecido alguém como ele. Neil se lembraria de se sentir tão completamente assombrado quanto se sentia agora.