Os tornozelos de Émile

Na noite do Oscar. Sou um homem invisível escondido do mundo pelo mínimo naquilo que se trata ainda de uma película da pobreza. Enquanto isso nas suas casas e nos seus confortos com suas televisões e seus computadores o mundo de pessoas abre os olhos para lembrar das personagens inesquecíveis. Das pessoas relembráveis. Eles terão um tema para o dia seguinte e isso é feito pelo prazer e porque é também um currículo de crucificação de solitários ou desgraçados cujas as invejas e as competições já não são as mesmas, em resumo são desgraçados. Os seus rostos amargos e grandes diante dum espelho ou consumidos pelas luzes que consumirão toda a curiosidade pela novidade repetitiva. Não fodo por isso. Enquanto eles estão confortáveis eu penso como sustentarei minha pica, como sustentarei a sua sentença, na verdade não sei se é sentença, mas um peso que está exatamente, eu penso e também sinto, exatamente no peso e na transformação daquilo que é instintual, da transformação de meu instinto, de meu desejo numa vergonha, nalguma coisa contra a qual teria de esconder o rosto caso digam-me para ter decência. Mas as regras são indecentes, penso todas as noites, não necessariamente as picas e as xoxotas.