Em um dia como qualquer outro, o Presidente da República entra em cadeia nacional e faz um estranho decreto: daquele dia em diante, a palavra está proibida em todo território nacional. Primeiro, proibirão os verbos, depois, os adjetivos e, por fim, os nomes. A população, incrédula, continua a falar, mas, aos poucos, começa a perceber uma série de prisões silenciosas em diversos lugares da cidade. Assim, sem alarde, começa a acatar o decreto. No entanto, com o passar do tempo, o que se vê é um colapso de tudo que significa humanidade: as famílias, a polícia e, inclusive, o governo deixam de existir, se desfazem diante da falta da palavra. O ser humano, sem a fala, deixa de ser um ser social.
No meio deste turbilhão, um homem simples, casado, com um filho praticamente recém-nascido acompanha a ruína de sua família ao lado de tudo que ele sempre chamou de lar. De sua janela, observa, aos poucos, também os últimos suspiro da sociedade. O que ele não sabia é que ele seria um dos últimos "homens de palavra."
Nem toda história começa no começo.
Algumas surgem no meio da queda.
Outras nascem do eco de algo que já se partiu há muito tempo.
Aqui, as palavras não são apenas palavras.
São registros.
São vestígios.
São feridas abertas em planos distintos, pulsando em sincronia silenciosa.
Há um menino levado pela luz.
Um pai que viu demais e nunca foi ouvido.
O céu se abriu para ele, mas ninguém acreditou.
Há um homem preso entre as engrenagens do tempo.
Ele não quer o futuro.
Quer o instante que perdeu.
Mas reescrever o destino é tocar em cordas que não foram feitas para mãos humanas.
E há uma cidade onde os corpos se moldam,
onde o medo veste uniforme e a liberdade vira erro de sistema.
Ali, uma jovem se transforma - e transforma tudo ao redor.
Esses não são contos.
São registros vivos de um universo fragmentado.
Lugares onde o real e o impossível já não sabem onde começam.
Onde o tempo falha.
Onde a dor se repete.
Onde algo, ou alguém, observa de longe.
Você está entrando em território antigo.
Sagrado.
Instável.
Algumas peças vão se encaixar.
Outras vão te ferir.
Mas todas...
têm algo a dizer.