Perigoso desejo - Série destinos traçados, Livro 5

Cicatrizes. É apenas uma palavra que tem como significado marcas. Alguns dicionários especificam apenas duas formas. A que podemos ver, machucados na pele e a no sentido figurado. E com toda a propriedade da palavra, posso dizer que as cicatrizes do corpo não se comparam com a da alma. E se eu ainda hoje tenho apenas uma parte da minha alma, não sei dizer o porquê.
Sou um agente da CIA, ou era. Mas aquele que ninguém vê, aquele que está ao seu lado na padaria te dando apenas um bom dia. Ou aquele cara de terno que está andando no parque segurando uma pasta e para em uma barraquinha apenas para comer um cachorro quente. Sou aquele cara que está correndo no parque e se encosta em uma árvore para beber água. Sou aquele homem simpático do mercado, deixando você passar com o carrinho na minha frente. Ou aquele motorista educado que deixa você passar na minha frente, mesmo que eu esteja na minha mão certa.
Mas não se engane, com certeza eu estava ali fazendo tudo isso por três motivos: Vigiar, investigar e matar.
Sabe aquele corpo sem digital que encontram em um lixão assim que o dia amanhece? O banqueiro que se suicidou sem explicação no seu escritório? O empresário que apenas tropeçou e caiu, batendo a cabeça no chão? Então, as vezes não foi um mero acidente, uma briga de gangues ou um suicídio.
Sabe aquele cara com gorro e moletom preto, curioso olhando o corpo? O rapaz simpático conversando com o dono da banca de jornal, bebendo um café? O corredor que começa a fazer seus exercícios as cinco da manhã? O rapaz educado, que vê você cheia de bolsas e abre a porta de uma loja?
Prazer, meu nome é Thalles, sou apenas um homem com as mãos sujas, coração pesado e alma atormentada.
Agora é a minha vez de contar a minha história, falar sobre as minhas cicatrizes e em como isso mudou a minha vida, me tornando o que sou hoje.