- NÃO ERA ISSO QUE VOCÊ SEMPRE QUIS? MORRER? ACABAR COM A SUA VIDA? - Eu observava a gama completa de emoções oscilarem através do rosto bonito de Harry. Suas íris antes tranquilas e que tinham a capacidade de me passarem paz e segurança, agora me fitavam com uma raiva intensa, o que fazia-me temer pela minha vida e me perguntar mentalmente quando foi que as coisas saíram dos trilhos, percorreram um caminho repleto de traições e inseguranças e chocou-se contra uma barreira de ódio voltada completamente para mim. A arma apontada em minha direção já não tinha o mesmo efeito de antes. Já não me importava se meu crânio poderia ser, a qualquer momento, perfurado por uma daquelas balas que eu tanto desprezava e tinha pavor. Suas mãos tremiam exageradamente, enquanto seus braços apresentavam veias grossas e escuras que nasciam em seus pulsos e se estendiam até se perderem dentro das mangas de sua camisa suja de sangue, e talvez isso denunciasse o quão Harry estava inseguro com o que estava fazendo. Sem coragem para puxar o gatilho. Eu apenas queria o meu Harry de volta. Aquele que lutaria por mim e, por mais que eu errasse, ele estaria ali. Por mim e para mim. Sempre e para sempre. Mas aquela era a realidade. A minha realidade. Ou você colhe o que você planta, ou morre de fome. E eu decidi colher. Receber de braços abertos o que me aguardava. Era o meu fim.