Calos nas mãos e no coração.
Em nossos pés ressecados como a terra,
a única coisa que escorre
é o sangue das feridas abertas
pelas longas caminhadas dadas
em direção aos secos açudes.
Olhando, com limitada condição,
o horizonte com uma linha tremula e empoeirada,
sempre a espera da chuva que sabemos não virá,
mascando, com os poucos dentes que nos restam,
o fumo de rolo, que engana a fome.
As línguas amargas,
como as palavras ditas por nós,
em momentos desesperados de rancor
ou de simples desabafo,
blasfemando em tom de prece ao Senhor,
quando questionamos a Deus.
"Por que isso acontece?"
Não podemos envelhecer,
mas, como o solo, nossos rostos racham
apesar da pouca idade,
castigados pela lida na roça,
que nem sempre se chega a ser colhida,
quando escorre algo, pelos sulcos neles formados,
não é do suor provocado pela excesso de calor,
são lágrimas de tristeza e de dor
ao vermos nossos filhos
fracos, doentes ou famintos
e o gado pastando sem rumo
e morrendo antes das chuvas,
que, como a felicidade,
as nossas casas esqueceu ou tardaram
e não chegam a tempo
de vivos nos encontrarem.
Em um monólogo da mente, descobrem-se as verdades que a racionalidade não a permite conhecer. Dividido em três partes, Telegramas é uma viagem do psíquico pelo espectro do autoconhecimento. Do tormento à libertação, da condenação à esperança, da dor à loucura, as narrativas se direcionam segundo a emotividade da mente: ao intelecto, perdido e solitário; à modernidade, fria e hipócrita; e aos amores, dolorosos e eufóricos.
Aviso: trata de assuntos delicados como depressão, solidão, e alusão ao suicídio.
*Destaque do mês de Março da PoesiaLP
*lista de Melhores Historias de 2022 da AmbassadorsPT