Havia algo naquela estação que sempre me fazia divagar. Nunca soube ao certo. Talvez fosse o vai e vem de pessoas, mercadorias e trens; talvez fosse a lembrança de todos os filmes dramáticos que assisti. Ou, talvez, eu apenas gostasse de me imaginar num desses curtas-metragens. A questão é: eu sempre pensava em muitas coisas. Tudo ganhava uma perspectiva profunda e melancólica quando eu estava lá, sozinha. Eu sendo o centro da minha própria perspectiva, anônima aos outros e, por vezes, anônima a mim mesma. Sei que, em todos esses momentos, eu era uma passageira qualquer, vinda de algum lugar ou lugar nenhum.