Não domino a cronologia entre descer da picape numa nova cidade e
descansar a única mochila que trouxe comigo de São Paulo sobre o colchão
inflável e murcho.
Dominava, num "talvez" feioso, a ideia de que as coisas seriam mais
fáceis.
Não contava com esse sopro no peito, essa canção melancólica saudando
saudades que não vou sentir, quem sabe nunca mais. É tanto eco no meu vazio
que o desespero transborda.
Esse vazio era apático antes. O de hoje é um galpão aguardando
preenchimento. Esperança.
Inspiro, expiro, suspiro. Inflo tanto os pulmões que os sinto colar, raspando
em minhas costelas. A mochila vira dois amontoadinhos de roupas na prateleira
de MDP atrás da porta, e o plástico do colchão se eleva azul contra a gravidade,
planando um espaço antissolteiro para eu dormir nessa quitinete.
"Antissolteiro", não de casal. Casal é pra quem tem com quem deitar. Um
amor, mesmo de mentira. Não tenho. Esse espaço extra é antissolteiro, onde um
monte de desvantagens se emaranha com um par de travesseiros e lençóis velhos
doados por meu generoso locador.
Me quebro, me obrigo a chorar, nem que por cinco minutos. Porque
esconder medos de mim me matou uma vez. Quando voltei à vida, prometi que
morreria por qualquer coisa: uma bala perdida, um motorista sonolento ao
volante, overdose de milk-shake extradoce ou um pedaço de Krypton caindo
incandescente do céu; mas nunca, jamais, morreria por escolha própria de novo.
O mundo congela quando você se mata.
Ayla é uma garota que enfrenta desafios que vão muito além da adolescência. Sob o mesmo teto que sua meia-irmã Sienna e seu padrasto abusivo, Marcos, ela luta diariamente para se proteger de um pesadelo que parece não ter fim.
Na escola, Ayla é rotulada como a nerd chata e certinha - uma imagem que Dylan, o bad boy, se diverte em reforçar. Para ele, ela é apenas uma garota sem graça, escondida atrás de livros e notas altas. E para ela, ele é um arrogante insuportável, cercado por problemas. Cada interação entre eles se transforma em uma batalha de provocações, olhares tortos e discussões acaloradas. O ódio entre os dois é intenso.
Mas o que começa como aversão logo se complica. Dylan começa a perceber uma atração inesperada por Ayla, enquanto ela luta contra seus próprios sentimentos confusos em relação a ele. À medida que se conhecem melhor, Ayla descobre que por trás da fachada durona de Dylan existe um cara sensível e quebrado.
Conforme a situação com Marcos piora, surge a dúvida angustiante: será que ela vai conseguir vencê-lo e se libertar?
"Eu te odeio pra caramba!"
"Me odeia, amor?"
"Você sabe que eu faria você ir nas alturas e esquecer essa sua raivinha por mim, né, anjo?"