Entre os furos de luz que a cortina lhe proporcionava, pôde-se ver que o céu estava numa cor acizentada. Num correr de olhos, o vidro da janela já começava a ser preenchido por finas gotas de água que escorrem junto da tristeza da garota que via a cena. Seu mundo acromático era sem graça, e em seu próprio quarto criou uma gaiola. Ela era um lindo passarinho triste que poderia encantar todos com seu canto. As penas que a mantinham aquecida eram folhas de A4 pequenas, pintadas por uma tinta preta de caneta. Nelas, estavam as letras de poesias mais lindas e trágicas que eram esquecidas com os anos. No outono as folhas que caiam de árvores próximas a ela eram como se a natureza estivesse em um lindo festival de cores. E na primavera, renascia toda a energia que gastavam naquela festa. Qualquer pessoa que passasse por aquele quarto, ouviria a quilômetros de distância o som de soluços junto da velha e enferrujada cadeira de rodas. Um pouco mais a frente e, você conheceria uma ventania que poderia ser tornar um furacão.All Rights Reserved
1 part