"Ela começou a gostar de escuro. Por isso seus olhos doíam quando exposto à luz. E isso não quer dizer que o escuro te fazia bem. É que ela se acostumou a não se importar e fingir que estava bem, mesmo sem estar. Ela se apegou às suas máscaras, tanto que nem conseguia se encontrar no espelho. Não era falsidade, ela só tinha medo. Se ela ficasse nua, não de roupas, de alma, quem ainda a amaria com suas cicatrizes e feridas mal curadas? Ela já foi colorida, era uma paleta de tons vivos cintilantes. Ela já foi uma aquarela. Quem diria, ela coloriu tanta gente e no final ficou cinza. Sobraram alguns tons, mas eram cores escuras e frias. Por mais que ela quisesse, se via incapaz de se recolorir. Não conceguiria se perdoar, se por acaso ela roubasse a cor de alguém, assim como fizeram com ela."