Estava tudo escuro. Tudo havia perdido a cor. Ao meu lado havia muitas pessoas com os olhos lotados de lágrimas e ninguém estava se importando em deixa-las cair. Eu estava em choque, paralisada. Meus gritos abafados em meu peito doíam na alma. Anamel deitada dentro de um caixão frio e escuro, pronta para ser levada, era algo que rompía os corações de todos que estavam aqui.
Minha melhor amiga fora assassinada por um homem que logo depois se matou.
Um caso transformado em uma catástrofe que doía tanto, que nem minhas lágrimas conseguiram descer. Foi quase o fim para mim. O mundo não tinha mais graça, tudo estava em preto e branco.
Anamel era a minha melhor amiga, era o meu raio de sol que descongelava rapidamente meus sentimentos transformados em pedras de gelo. Tudo com ela era divertido, era a única coisa que me dava forças para seguir em frente, sempre. Depois de seu assassinato, todas as áreas da minha vida pareceram desmoronar.
Minha mãe tinha depressão, vovó estava com câncer, meu único "namorado" havia me traído com sua melhor amiga. E como se não fosse dolorido o bastante tudo isso, a falta de meu pai queimava em meu peito e rasgava meu coração ao meio.
Acontece que toda a dor pela perda de Anamel eu havia sentido em silêncio, me corroia a falta dela. Tudo o que eu sentia era vontade de gritar, me trancar no meu quarto e nunca mais sair, abafar tudo que eu estava sentindo no meu travesseiro manchado de tantas lágrimas, mas não era só eu. Minha mãe e minha avó precisavam de mim. Eu deveria ser forte e cuidar de suas vidas, pois vovó tinha sido diagnosticada com câncer no fígado e no pulmão, e minha mãe não tinha condições de cuidar dela, então eu cuido dela desde os meus 14 anos. Desde quando meu porto seguro partiu, Anamel.