O mar. Ouça o mar. Sinta o mar. O mar viu-nos juntos e acompanhou tudo que passamos na sua beira. Todos os beijos, abraços, todos os encontros e todas as vezes em que me rendia aos prazeres daqueles beijos e apertos mais quentes. O mar apenas espreitava, lá abaixo dos penhascos e falésias, a platéia silenciosa se chocando contra as pedras. O mar apreciava encantado tudo que ele e eu fizemos ali. Apreciava cada toque de lábios, cada vez que sua boca deslizava por meu pescoço, ou quando suas mãos puxavam minhas, ou quando eu me encontrava embaixo de seu corpo, encaixado, desfrutando dos prazeres, da união de seu amor com o meu. O mar pleno apenas ouvia, as nossas risadas, as discussões, as conversas longas sobre uma vida juntos, as arfadas, os gemidos, os murmúrios desconexos causados pelo constante movimento físico. O mar presenciou todos nossos momentos juntos. O mar era parte daquela história.
O mar silencioso, apenas assistia tudo que ali passei. O mar silencioso sabia tudo que ali realizei. O mar silencioso lembrava tudo que eu guardei. O mar silencioso levou aquele que eu amei.
O mar eterno sempre estivera lá, e nele, as memórias de quem escolhi amar. Ele e eu, juntos amamos muitos, mas agora apenas me restava a tristeza e solidão, e mesmo naquele sentimento de pura depressão, eu continuava ali, na sua imensidão.
O mar. O belo mar. Como ousa levar aquele que escolhi amar?