Ele acorda, olha para os lados e nada reconhece. Paredes sujas o cercam, algo pinica seu corpo e o odor do ambiente é fétido. Seus ossos e cabeça doem, e ele mal consegue se mexer, mas esforça-se assim mesmo, pois a náusea é mais forte que a dor. Sabe que, se continuar deitado, muito provavelmente vomitará. Assim que se senta, luta entre controlar a dor e recobrar os pensamentos, mas a náusea não o abandona. Sem muito pensar, ele corre em direção à primeira porta que vê e a abre, agradecendo mentalmente ao encontrar o vaso sanitário, onde se debruça e despeja tudo aquilo que nem lembrava que havia ingerido.
Após longos minutos, que mais parecem horas, não havendo mais o que colocar para fora, encosta-se no azulejo frio e desce até o chão, tentando controlar a dor latejante em sua cabeça. Nervoso, esfrega o rosto; precisa se lembrar de como foi parar ali. Então sente algo viscoso na testa, constatando que precisa de um banho, mas, quando olha para a mão, o pânico se instala. Ela está banhada em sangue.
Ele quer gritar, chorar, fugir dali. No entanto sente que a consciência está por um fio, então invoca seu refúgio mental e, de alguma forma, tudo o que sente parece sumir, suas pálpebras pesam; seus olhos nada mais veem.All Rights Reserved