Isso confundia as pessoas o suficiente para, de pouco em pouco, convencerem-se de que éramos apenas bons amigos. Mas não convencia a nós mesmos. Não havia desculpa ou piada que pudesse justificar os momentos que passávamos sozinhos. Aqueles longos minutos estendidos em silêncio, deitados no tapete do quarto, meros centímetros de distância, os olhos grudados, as mãos se tocando de leve, cada um decorando cada centímetro do rosto do outro, uma banda tocando de fundo no computador, os carros passando na rua e nossa respiração baixa e lenta, os dois imaginando o quão maravilhoso seria e ninguém se atrevendo a mover um músculo sequer.