"Tic-tac. Então um coro de gritos tenebrosos ecoa no corredor. Há dor. Muita dor. É tão cruciante que me faz cair de joelhos e tapar os ouvidos com as mãos. É inútil, a dor me devora. Implora. As vozes berram palavras incompreensíveis que se misturam e furam minha carne como a faca mais afiada. São tantos. Tantos. E eu nem sei o motivo de serem tantos. Visualizo dezenas de mãos, não não não não, garras. Visualizo dezenas de garras saindo do chão. Das paredes. Do teto. De mim. Elas me agarram. Seguram o que podem e não podem. Dentro e fora. Me separam em livros e colocam na estante. Formam uma palavra nas minhas lombadas. U O R G." Caso seja capaz, meu pequeno pássaro, se junte a Joaquim Lispector neste livro e, com uma dose de coragem, o ajude a escapar do misterioso orfanato e suas infindáveis peculiaridades.All Rights Reserved