Em uma noite invernal, as folhas das árvores estavam frigidamente acobertadas por uma camada fina de neve, e Viktor Nikiforov sentia-se vazio. Apesar de sempre ter tudo o que desejou desde sua infância, via-se insaciável. Suas danças no gelo já não mais o agradavam como deveriam, e exaustou-se de contar quantas vezes errou numa coreografia qual havia minuciosamente montado. As melodias escolhidas pelo mesmo já não lhe tinham tanto sentindo como outrora. Era quase como se ele fosse envolto numa casca perfeita, mas houvesse eco dentro de si. Observando sobre o peitoril da janela, via a neve desabando de forma perene, assim como ele próprio. De certa forma, aqueles simplórios cristais de gelo aqueciam-lhe o peito, afastando gradativamente a solidão de si.