Batida. Barulho. Dor. Gritaria. Mais dor. Sangue por tudo. Sirenes. Exatamente tudo nessa ordem. Quando eu acordei, quase quatro dias depois, tudo havia mudado, tudo, sem exceções. Minha única tia e meus pais não sobreviveram à um acidente causado por um motoqueiro, bem no dia do meu aniversário de 15 anos. Enquanto eu, que tinha ganhado alguns arranhões e uma costela quebrada, apenas, era encaminhada para um orfanato do outro lado da cidade. Sem conexão com a antiga escola, colegas, amigos ou professores. Minha cabeça queria explodir, não pela dor que a batida causou, mas por toda confusão, a cada segundo uma coisa diferente me passava pela mente. A dor que eu sentia pela perda era muito maior do que qualquer dor que já havia sentido. Sentia como se nunca fosse passar, uma sensação insuportável que não parava com nenhum dos remédios que me davam. Como tudo mudou em segundos?