"Everan sentou-se em seu trono depois de longos anos. Pousou ambos os braços nos encostos laterais e sentiu a maciez familiar lhe afagar a pele. Por um momento olhou ao redor e se sentiu satisfeito. Sua corte estava reunida na sala real como os mesquinhos aproveitadores que eram. Tentou imaginar quantos ali pensaram e planejaram e passaram noites e mais noites torcendo pelo seu fracasso. Mas eram eles que engrandeciam aquele momento, não a multidão que se vestiu com suas melhores roupas, acordaram seus filhos cedo, gastaram o dinheiro que não tinham naquele desjejum e os trouxeram para o pátio do castelo porque seu rei finalmente retornara. Eram aqueles cínicos que, plantados de joelho e de cabeça baixa, o deixava exultante. Os grandiosos vitrais permitiam a entrada dos raios de sol que, por sua vez, refletia nos lustres de cristais e iluminavam o grande salão. A tapeçaria fora lavada e limpa, o chão de mármore havia sido polido e encerado. Aos lados do trono, o brasão de Slizia se estendia do teto ao chão. Um glamuroso e largo tapete descia de seus pés até a longínqua porta de entrada onde seus orgulhos soldados estavam postados. Sua esposa o olhava feliz, só os deuses sabem o que deveria ter passado nesse lar de víboras. A porta de entrada se abriu, e mesmo longe, ele viu os governantes de suas terras entrarem e caminharem em sua direção. Iriam prestar seus votos e juramentos, se desfazer de qualquer convicção real que ainda lhes restassem. Naquele momento, Everan sorriu. Tinha conquistado o mundo, ou pelo menos uma parte dele, e ainda tinha alguns anos para ver os primeiros passos de seu império. Olhou ao seu lado e observou os sacerdotes, com o tempo aprendera a respeita-los e por vezes teme-los, afinal tinha conquistado um império com eles. Acabou se perguntando até quando os deuses estariam em paz." Os primeiros Séculos do Império, Aan Sadir CAPÍTULOS SEMANAIS
1 part