Qual ar, a mim seria cabível?
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Ongoing, First published May 04, 2018
Do lado de fora da janela do meu quarto, haviam estrelas, a lua, uivos solitários, a pista, a rua, a madrugada... A madrugada é dos poetas. As poetisas se encarregam do gozo aflorado dos pulmões. Quando cravam canetas em papéis, acionam o portal ilusório da fantasia. E por ela, vivemos.  
     Ao lado da pilastra pertinente chamada de poesia, mexemos em nossas dores, no colo do rancor, asquerando nossas memórias. Alimentando nosso afeto. Seja ele qual for. Ainda que seja o ódio.
     O que corre em nossas veias, fora a esperança a cada inspirar, é a certeza de que viveremos por nós. E se alguém lhe arrancar este mísero e mínimo reconhecimento que precisamos ter, descarte-o. Pois nada nos vale mais que a certeza de que viveremos por nós. Mesmo que nos falte a fala, mesmo que nos falte a alma, nossos cheque-mates devem ser somente a nós, entregues. Com glória e excelência, como o ato do nosso império. 
    Do lado de fora da janela do meu quarto, havia uma rua que me enchera o espírito. Sua esplêndida força poética arrematou-me. Eu não quis ir a outro lugar, senão àquela rua. Aquela escada... Que dava pro final de linha, acesso a favela, bueiros e vidas. Me segurei por tanto tempo, que quando a desci, foi pra nunca mais voltar a ser como antes. Quando fiz daquela rua, meu escape,  descobri meu instinto livre. Aquilo que me atraiu, eu nunca fui capaz de personificar. 
     Só percorri, derrapei, me joguei, disparada. Diz, parada. Minha mente me fala, a mim, palavras. Emboladas, não vejo nada. Vejo uma estrada, uma escada, uma chamada, uma mancada, uma roubada, me vi soldada, peregrina nata, menina da madrugada, na madrugada, vivendo o risco.  Correndo perigo. Por dentro, os riscos, mas com os risos, também estava.
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